Em cinco dias foram escritos mais de três mil textos que provavelmente resultarão em um documentário
O “Espaço Rio de Contos – Cartas” presente na 5° edição do LER (Festival do Leitor), que aconteceu recentemente no Rio de Janeiro, é uma ação derivada do Prêmio Rio de Contos que se prepara para lançar suas 4ª Edição. O espaço pode ser definido como um verdadeiro refúgio da imaginação e da emoção. A iniciativa visa transformar os leitores em escritores e, apesar do nome “Rio de Contos” remeter ao universo da escrita ficcional, como o do Prêmio, o público ali é convidado a escrever cartas.
Em sua segunda participação neste evento literário, o espaço possibilitou o engajamento, oferecendo uma plataforma onde o público pode expressar suas vozes de maneira íntima que permitiu uma surpreendente diversidade de textos cujos destinatários são variados desde carta do autor do presente para o autor no passado ou no futuro, até mensagens aos entes queridos que já partiram ou aos desconhecidos como adotados que não conheceram seus genitores biológicos. Mas há também relatos dramáticos e corajosos, verdadeiros desabafos de situações vividas como abusos sexuais, desilusões amorosas e violência doméstica. A ideia foi promover a literacia, ou seja, o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura e à escrita, assim como sua prática produtiva, bem como, a valorização do cotidiano, da vivência de cada indivíduo.
Bárbara Cortese Caldas, escritora e diretora da Mater Produções, trouxe a atração ao LER com uma proposta simples e profunda ao mesmo tempo. “É um ato de ousadia, em tempos de mensagens rápidas por meios digitais propor que as pessoas literalmente se derramem através da caneta e do papel, mas é uma ousadia mais que necessária e o número de cartas produzidas no espaço e também seus conteúdos refletem isto. Convidamos todos os presentes a compartilharem seus pensamentos, sentimentos e reflexões em palavras, transformando o papel em um espelho de suas experiências. Cada carta escrita é mais do que uma simples composição; é uma forma de expressão de quem a escreve, um pedaço de verdade que se une harmoniosamente a outras peças para formar uma obra coletiva de arte literária, exposta numa instalação que convida o público do evento à leitura”, completa.
O espaço contou com uma equipe de colaboradores capacitados que estimulam e incentivam a escrita de jovens, professores e até mesmo autores presentes no evento. O impacto do “Rio de Contos – Cartas” vai além da simples escrita, pois abre caminhos para novas descobertas e conexões entre as pessoas, criando um ambiente comunitário inclusivo, onde todos são encorajados a compartilhar suas histórias, pensamentos e perspectivas. Segundo a coordenação do espaço, há uma intenção de expandir o projeto utilizando a linguagem audiovisual, por meio de um documentário, tendo em vista que ao todo foram escritas mais de 3000 cartas, não sendo possível expor todas ao mesmo tempo no grande mural disponível durante o evento.
Ao fomentar a escrita criativa e fornecer um espaço seguro para a expressão pessoal, o projeto destaca o poder transformador das palavras e o potencial de cada indivíduo em fazer a diferença através da literatura, visando aproximar o público à literatura e incentivar a apreciação pela escrita, promovendo um intercâmbio significativo entre os participantes e os artistas convidados.
Durante o evento, os textos produzidos foram expostos e lidos por autores e artistas, destacando a criatividade e a diversidade das vozes presentes. O “Espaço Rio de Contos – Cartas” se torna, assim, um elo fundamental entre o público e a arte literária no Festival do Leitor, celebrando a riqueza cultural e a pluralidade de perspectivas que compõem nossa sociedade.
O LER é um evento literário que reforça o poder do livro como instrumento de transformação e deixa ainda mais evidente seu potencial de contribuição e sua diversidade de alcance com o lema “LER para educar, educar para LER”. O festival distribui atrações em mais de 70 espaços e recebe cerca de 200 mil pessoas, entre estudantes, professores, educadores, leitores, editores, livrarias, entidades governamentais, patrocinadores e público.